Na hora de comprar passagens aéreas, todo esforço é válido para encontrar aquela oferta imperdível. Quem já passou horas, dias e até semanas pesquisando por bilhetes mais baratos, sabe o que estou falando. No entanto, o viajante atento pode ter percebido que, de um tempo para cá, os preços têm aumentado. E este aumento está ligado ao querosene de aviação (QAV). Aliás, você sabia que paga tarifas pela gasolina de avião?
Calma, é muita informação, eu sei. Mas não é nada de difícil compreensão. A princípio, a taxa de combustível foi inserida na emissão de passagens pelas companhias aéreas algumas décadas atrás. Como era de se esperar, essa tarifa da gasolina para avião acabou encarecendo o valor final dos bilhetes.
Nós até relatamos, recentemente, o reajuste no preço das passagens em algumas companhias aéreas em 2022, como neste anúncio da GOL. Pois é, um dos fatores por trás desse encarecimento das passagens é justamente a alta no valor da gasolina usada nos aviões.
Pensando nisso, o Império das Milhas reúne nesse post tudo o que você precisa saber sobre essa taxa de combustível. Vamos explicar porquê ela existe, como funciona e como calcular a influência do preço da gasolina de avião no valor final das passagens aéreas. Além disso, vamos mostrar outros custos agregados aos bilhetes, que talvez você também não conheça. Portanto, sem mais delongas, vamos nessa!
O que é a taxa de combustível
Como dissemos, a taxa referente à gasolina utilizada nos aviões foi inserida no preço das passagens aéreas há algum tempo. Como o querosene de aviação (QAV, como é conhecido) tem como matéria-prima o petróleo, entende-se que o preço do combustível sofre com as oscilações naturais do mercado. A propósito, essa foi a justificativa utilizada pelas companhias aéreas na hora de anunciar a cobrança da tarifa.
Mas o que acontece é que o valor do barril do petróleo é flutuante. Portanto, sofre influências do meio econômico e político e, vez ou outra, temos ondas de aumento que encarecem o preço da gasolina de avião. Outro fator importante a ser considerado é que, assim como o petróleo, a taxa de combustível tem a sua cotação em dólar.
Dessa forma, o viajante brasileiro, por exemplo, fica refém de como a moeda americana opera em relação ao real. No cenário atual, inclusive, temos uma cotação onde a paridade é de R$5,19 a cada US$1. E o consumidor sente o impacto diretamente no valor das passagens.
Para se ter uma ideia, segundo o IBGE, somente no prazo de um ano (entre junho de 2021 e junho de 2022) o preço das passagens aéreas subiu 88,65%. Neste mesmo tempo, o custo do querosene de aviação (QAV) acumula alta de 102,4%. Não coincidentemente neste período o mundo presenciou a invasão russa ao território ucraniano — além de ter vivenciado outra onda de casos da pandemia de COVID-19.
Portanto, é preciso entender como esta cadeia funciona. Fatores aparentemente externos — e distantes — refletem na alta do barril do petróleo e vão, consequentemente, encarecer o querosene de aviação. Por fim, este reajuste será repassado às passagens aéreas, que têm inseridas nelas as taxas referentes à gasolina de avião.
Como funciona
Agora que já vimos o que é essa taxa de combustível e como ela interfere nos preços das passagens, vamos entender como funciona o seu cálculo. A princípio, a maioria das companhias aéreas trabalha com uma margem em torno de 30% a 38% do preço da gasolina de avião no valor final dos bilhetes. No entanto, vale ressaltar que nem todas as empresas praticam a cobrança da tarifa em suas emissões.
Existe uma forma de calcular a porcentagem referente à tarifa de combustível presente em sua passagem aérea. Através da plataforma ITA Matrix é possível “desmembrar” o bilhete e encontrar as principais taxas embutidas nele. Assim, em uma pesquisa hipotética de voo saindo de Guarulhos com destino a Dubai, encontramos as seguintes opções.
Selecionando o bilhete mais barato (R$4.889,00 na Qatar Airways), conseguimos destrinchar o seu valor e identificar algumas das taxas presentes. O sistema nos mostra as taxas e custos dessa passagem e os seus referidos valores.
Neste momento, chamamos a atenção para as tarifas de nome “Carrier-imposed surcharge”, tanto a de código (YQ) quanto a (YR) — ambas referentes à taxa de combustível. Veja que nesta emissão, ele tem custo agregado de R$1.170,78. Portanto, neste bilhete o custo da gasolina de avião é equivalente a 23,95% da passagem.
Outros custos agregados
Além do valor referente à gasolina utilizada no avião, na sua passagem aérea estão incluídas outras taxas. Muitas delas, a propósito, o passageiro desconhece ou sequer chega a ter conhecimento na emissão do bilhete.
Cada tarifa influencia no valor final do bilhete e a sua incidência — e valores — variam entre as companhias aéreas. Portanto, o saldo final depende dos impostos exigidos, dos seguros contratados, do consumo de gasolina do seu voo e até do número de funcionários a bordo.
Dessa forma, veja outros custos comumente agregados ao bilhete aéreo:
- Encargos com pessoal: essa tarifa é atribuída para arcar com os salários, benefícios, treinamentos e demais custos com a equipe de funcionários de uma companhia. Ela equivale a aproximadamente 15% do valor da passagem;
- Tarifas administrativas: referente aos custos com a controladoria, auditoria, segurança e demais serviços. Corresponde a 13% do valor do bilhete;
- Arrendamento de aeronaves (leasing): Trata-se do “aluguel” de aviões por um período considerável de tempo, mediante um contrato. Ocupa 11% da passagem aérea;
- Custos operacionais: nesta tarifa estão incluídos valores referentes aos serviços de limpeza e higienização, contratação de terceirizados e demais gastos envolvidos na operação de um voo. Podem chegar a até 10% do valor do bilhete;
- Tarifas aeroportuárias: esse valor é pago pelas companhias aéreas para a administração dos aeroportos e pelo uso de sua infraestrutura. O valor chega a 5%;
- Seguro da aeronave: como o nome indica, serve para a prevenção e manutenção dos aviões. Chega a, no máximo, 5% do valor final;
- Auxílio à navegação: por fim, é a tarifa que menos influi no preço final da passagem e está atrelado ao Departamento de Controle de Tráfego Aéreo. Corresponde a, em média, 2%.
Considerações finais
Agora que você já sabe da existência da tarifa de combustível, fique atento às emissões de seus bilhetes. Como dissemos, nem todas as companhias aéreas praticam a cobrança do preço da gasolina de avião em suas passagens.
No mais, como vimos, a mesma tarifa apresenta diferentes proporções nas emissões, de acordo com cada empresa. Por isso, principalmente em viagens internacionais, vale a pena pesquisar previamente quais companhias aéreas incluem a taxa e verificar a sua influência naquele bilhete.
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