Quando estamos planejando uma viagem geralmente buscamos oportunidades para economizar. É claro que, sabendo disso, as empresas tentam oferecer o melhor preço em hospedagem, passagens aéreas, atrações turísticas, e por aí vai. Mas, se tem uma coisa que está revolucionado o mercado de turismo no mundo são as companhias low cost.
Talvez você já tenha ouvido essa expressão por aí, mas não faz ideia do que ela significa e por que é tão popular entre os viajantes ao redor do mundo. Pensando nisso, elaboramos este post para explicar o que são as companhias low cost, como elas funcionam, porque ganharam tanta visibilidade e se realmente vale a pena passar por essa experiência.
Preparados? Então, apertem os cintos pois vamos decolar!
O que são companhias low cost?
Low cost é um termo em inglês que traduzido para o português significa baixo custo. Assim, as companhias que contam com essa classificação são conhecidas por oferecerem um serviço com um valor bem abaixo do que é praticado pelas demais empresas. Embora pareça algo recente, esse conceito surgiu na década de 1990, primeiramente nos Estados Unidos e depois na Europa e Ásia.
Graças a essas empresas o transporte aéreo nesses países se tornou acessível a mais pessoas. Dessa forma, podemos chamar de companhias low cost ou low fare (baixas tarifas), aquelas que oferecem esse serviço por um preço baixo, mas ao mesmo tempo com menos comodidades do que estamos acostumados a ver em uma aérea tradicional.
Atualmente, o modelo low cost é muito comum na Europa, Ásia, em países como Estados Unidos, Austrália e algumas nações da América do Sul. Confira na lista abaixo as principais companhias desse segmento.
- Estados Unidos: Spirit, Frontier, Southwest Airlines, Westjet, Sun, Allegiant e Jetblue;
- Europa: Ryanair, Easyjet, Norwegian, Vueling, Volotea, Aer Lingus, Wizz Air, Eurowings, Level, airBaltic, Pobeda e Flybe;
- Ásia e Austrália: Air Asia, Tigerair, Scoot, Jetstar, Nok Air, Lion Air, Malindo, IndiGo, Peach, Citilink West Air, Spring;
- América do Sul: Sky, Viva Colombia, Flybondi, Jetsmart ou Norwegian.
Por que as tarifas dessas companhias são tão baixas?
Vamos combinar que não estamos acostumados a ver empresas oferecendo passagens aéreas com preços abaixo da média com tanta frequência. Geralmente quando isso acontece é devido a uma mega promoção, coisa rara, principalmente aqui no Brasil. Sendo assim, descobrir que existem companhias vendendo bilhetes para viagens internacionais por US$ 10,00 ou menos é de deixar qualquer um com a pulga atrás da orelha.
Afinal, como essas empresas conseguem ter lucro cobrando tão barato por esse serviço? Bem, existe uma série de fatores que permitem que as companhias low cost continuem operando ao redor do mundo. Para você entender melhor como funciona vamos falar de alguns deles aqui.
Pague só o que usar
O preço de um bilhete aéreo inclui todos os serviços que a companhia oferece ao passageiro durante uma viagem. Assim, além do voo são cobrados outros encargos como tarifas aeroportuárias, atendimento no aeroporto (check-in, despacho de bagagens, etc.), serviço de bordo, marcação de assento, entre outros. Resumindo, nada é de graça e mesmo que você não use, ainda assim é obrigado a pagar.
As companhias low cost tem uma política diferente. Levando em conta que o objetivo dessas empresas é ganhar na quantidade de bilhetes vendidos elas reduzem ao máximo o número de comodidades que os passageiros têm durante um voo. Dessa forma, o cliente só paga para ter o direito de viajar. Qualquer outro serviço é pago à parte.
Nesse quesito as companhias low cost são bem rígidas. Para você ter uma ideia, serviços como check-in no balcão, mala de porão, marcação antecipada de assentos, comidas, bebidas e quaisquer outras comodidades são cobradas à parte. E aqui para nós, o valor é bem salgadinho. Mas, no final das contas, você só vai pagar se usar.
Quanto mais assentos, melhor
Geralmente as companhias low cost possuem uma frota com aeronaves do mesmo modelo. Assim, além de facilitar a acomodação de passageiros, essas empresas economizam com manutenção e treinamento de pilotos e tripulantes. Sem falar que ao adquirir um número grande de aviões com um mesmo fabricante é possível negociar descontos mais atraentes. Acredite, isso também vai influenciar no valor final do bilhete.
Além disso, as aeronaves das companhias low cost são pensadas para acomodar o máximo de passageiros possível. Ou seja, são aviões com poltronas mais simples — que na maioria das vezes não reclinam — com menos espaço entre as fileiras e nada de primeira classe ou executiva. Alguns fabricantes têm diminuído até a quantidade de banheiros e espaço nas cozinhas para caber mais assentos.
Número reduzido de funcionários
Já parou para pensar na quantidade de pessoas que é necessário para colocar um avião no ar? Pois bem, esse é um fator que acaba influenciando, e muito, no preço final da passagem aérea. Assim, para garantir uma tarifa abaixo da média as companhias low cost contam com um quadro de funcionários bem reduzido.
Talvez você esteja acostumado a ver três ou quatro funcionários de uma mesma companhia no balcão de check-in. Bem, não espere por isso ao viajar em uma low cost. Geralmente, esse serviço é feito por uma ou duas pessoas apenas que também são responsáveis por organizar as filas no portão de embarque. O mesmo acontece dentro das aeronaves. Não é raro ver um comissário fazendo a limpeza do avião entre um voo e outro.
Preferência por aeroportos e terminais secundários
Muitas pessoas não sabem, mas, o aeroporto que você escolhe para fazer a sua viagem interfere no valor do bilhete. Por esse motivo, sempre que possível, as companhias low cost preferem os aeroportos secundários, assim como terminais mais distantes.
Tudo isso para reduzir ao máximo o custo de operação. Em alguns lugares o fluxo de turistas gerado por essas empresas é tão grande que o poder público acaba oferecendo incentivos para que a companhia continue operando nestes destinos. Movimentando assim o turismo e a economia.
Muita publicidade
Não só de passagens vivem as companhias low cost, mas também de publicidade. Isso mesmo! Parte da receita dessas empresas vem da comissão por vendas de reservas de hotéis, aluguéis de carro, ingressos para atrações turísticas, entre outros. Essas ofertas são feitas aos clientes geralmente após a compra do bilhete ou mesmo durante os voos.
A Ryanair, por exemplo, vende uma variedade de produtos em uma viagem. Desde raspadinha, bilhetes de loteria, até duty free (produtos sem impostos). Quem sabe você não encontra no meio do voo aquele perfume que você tanto queria? Um pouco inusitado, mas em uma low cost pode acontecer.
O passageiro pode resolver quase tudo sozinho
Nós fomos acostumados a ter uma pessoa nos ajudando em tudo durante uma viagem de avião, desde a compra do bilhete até o fim do voo. Mas, tudo isso tem um preço. Assim, as companhias low cost desenvolveram sistemas em que os passageiros podem fazer quase tudo sozinho. Se ainda assim precisar de ajuda, já sabe: tem que pagar.
Da mesma forma, as companhias low cost optam pela comercialização direta dos seus bilhetes. Ou seja, é raro encontrar voos dessas companhias em agências de viagem. Além disso, as vendas são realizadas no site da empresa, sem lojas físicas ou central de atendimento.
Programa de fidelidade? Nem pensar!
Um dos diferenciais entre as companhias aéreas tradicionais são os programas de fidelidade. Entretanto, nas empresas low cost essa não é uma prática comum. Como sabemos, milhas são dinheiro. Assim, permitir que passageiros fizessem o resgate de viagens com pontos acabaria gerando um custo extra e alguém teria que pagar essa conta.
Vale a pena viajar em companhias low cost?
Agora que você já sabe o que são as companhias low cost, como elas funcionam e por que são tão baratas deve estar se perguntando: vale a pena viajar com essas empresas? Depende. Quando estamos planejando uma trip precisamos levar em conta alguns aspectos para decidir quais serviços vão se encaixar nas nossas necessidades. Dessa forma é preciso considerar os prós e contras.
Nas companhias low cost você só paga por aquilo que usar e tem valores abaixo da média. Além disso, essas empresas trabalham com mais voos diretos. Ou seja, para quem quer economizar tempo e dinheiro não tem nada melhor. Entretanto, você deve ficar atento pois qualquer deslize é motivo para uma cobrança extra. Por exemplo: esqueceu de fazer o check-in antes de chegar ao aeroporto? Vai ter que pagar.
Precisa levar uma bagagem além da mala de mão ou ultrapassou os 10 kg permitidos? Vai ter que pagar. Ficou com fome durante a viagem? Não tem amendoim de graça. Além disso, para quem paga em moeda estrangeira deve levar em conta o IOF e a cotação do dia da compra. Por fim, não esqueça dos custos com deslocamento, já que essas empresas preferem aeroportos secundários que geralmente são mais distantes.
Assim, se você está fazendo um mochilão, não tem muitas malas para carregar e não se importa em fazer uma viagem mais simples as companhias low cost são uma ótima alternativa. Mas, se você precisa de mais franquia de bagagem ou é cliente de um programa de fidelidade deve pensar melhor. Em alguns casos é possível encontrar empresas tradicionais oferecendo serviço completo por uma tarifa menor ou igual a uma low fare.
As 5 melhores companhias low cost do mundo
Se até aqui você já se decidiu que vai usar os serviços de uma companhia low cost na sua próxima viagem, que pelo menos seja de uma das melhores. Todos os anos a Skytrax realiza o World Airline Awards e premia as melhores empresas da aviação em diferentes categorias. Veja a seguir as 5 melhores low fare de 2021.
1. AirAsia
A AirAsia foi fundada em 1993 como uma empresa estatal. Entretanto, em 2001 a companhia passou por um processo de privatização importantíssimo para chegar ao que é hoje. A companhia já ganhou o prêmio de melhor low cost do mundo por 12 vezes seguidas. Além disso, é uma das maiores do segmento na Ásia. Atualmente o grupo opera voos domésticos e internacionais em mais de 150 destinos em 25 países.
Apesar de ser uma companhia low cost, a AirAsia conta com um programa de fidelidade. Ou seja, os clientes podem acumular pontos e depois trocá-los por passagens aéreas, diárias em hotéis, ingressos para atrações turísticas e produtos. Além disso, o programa conta com 4 diferentes categorias de elite: Red, Gold, Platinum e Black.
2. Southwest Airlines
Uma das maiores linhas aéreas dos Estados Unidos, a Southwest Airlines ficou com o segundo lugar no ranking das melhores companhias low cost do mundo. Com sede no Texas a empresa opera voos para mais de 100 cidades dos EUA, México, Caribe e mais 7 países. Espera-se que em breve a empresa opere voos no Brasil.
Assim como a AirAsia, a Southwest tem um programa de fidelidade. No Rapid Rewards os passageiros acumulam milhas em voos com a companhia, nas compras em parceiros e com o cartão co-branded. A plataforma também oferece categorias de elite. Vale lembrar que a empresa foi a única aérea a aparecer na pesquisa de hospitalidade da Travel Pulse.
3. Scoot
Fundada em 2011 para competir com outras low cost já consolidadas no mercado, a Scoot é uma subsidiária da Singapore Airlines. Atualmente a companhia conta com uma frota de 12 aeronaves que realizam voos em 18 países e mais 66 destinos diferentes. Uma das grandes vantagens de voar com a Scoot é a possibilidade de acumular pontos no KrisFlyer, programa de recompensas da Singapore Airlines.
4. Vueling Airlines
Quem viaja pela Espanha pode contar com os serviços da Vueling Airlines. A companhia fundada em 2004 ocupa o quarto lugar na premiação da Skytrax. Atualmente a empresa opera voos para mais de 100 localidades na Europa, Ásia e Oriente Médio. Por fim, participantes do Iberia Plus e Executive Club podem acumular avios com a Vueling.
5. IndiGo
A quinta colocada na premiação realizada pela Skytrax é a IndiGo. A companhia indiana, fundada em 2005, opera voos para 70 destinos nacionais e 24 internacionais em países como Turquia, Vietnã, Tailândia e Emirados Árabes. Além disso, a empresa realiza mais de 1.100 voos diários e conta com uma frota de 274 aeronaves.
Já existem companhias low cost no Brasil?
Infelizmente não temos no Brasil uma low cost para chamar de nossa. Em um passado não muito distante, havia no país a Webjet. A empresa operou por alguns anos, mas em 2011 foi comprada pela Gol. Até aqui você já deve ter percebido que as companhias brasileiras adotam muitas práticas low fare, mas, por motivos que desconhecemos, essas medidas não influenciam muito no preço final.
Assim, seguimos aguardando a chegada de uma empresa low cost genuinamente brasileira. Enquanto isso não acontece, vamos aproveitando os serviços de algumas companhias internacionais que operam nesse modelo e passaram a incluir o Brasil em sua malha. Vale lembrar que a atuação ainda é tímida.
Atualmente três low cost internacionais operam no Brasil. A argentina Flybondi oferece voos diretos para Buenos Aires partindo de São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Florianópolis. Já a JetSmart de origem chilena conta com voos de Salvador, Foz do Iguaçu e São Paulo para Santiago. Por fim, a Norwegian realiza viagens entre o Rio de Janeiro e Londres.
As companhias low cost revolucionaram o mercado aéreo. Esperamos que em breve o Brasil possa contar com uma empresa deste tipo para tornar ainda mais fácil o acesso dos brasileiros a essa modalidade de transporte. Agora que você já sabe como as low cost funcionam, que tal continuar aprendendo a economizar nas suas viagens?